sábado, 23 de julho de 2011

Relacionamento: A Nova Moeda.

Houve um tempo em que mandava no mundo quem possuía terras. O nome dessa era: Feudalismo, uma estrutura político-social baseada nas relações servis.

No final do século XVIII, precisamente na Inglaterra, iniciou um movimento sem precedentes na história da humanidade: A revolução industrial, e com ele um novo paradigma se instalou: O poder passou para as mãos dos senhores do capital. Em meados da década de 1980, com a revolução das telecomunicações, informática e o surgimento da internet, surgiu a era do conhecimento, e com ela, o poder novamente transigiu, passando agora para as mãos daqueles que detinham a moeda em voga: a informação.

E agora? Que era estamos vivendo? Quem deterá o poder daqui para frente?

Vivemos numa era em que possuir terras, capital ou ser um gênio do conhecimento não faz mais diferença.no sucesso profissional ou pessoal de qualquer indivíduo. Para empreender resultados bem sucedidos no mundo contemporâneo é fundamental que as pessoas desenvolvam a principal das competências: Habilidade de relacionamento. Entretanto, quando abordamos este assunto nos dias atuais, vislumbramos uma nova e vertiginosa perspectiva: As conexões. Isto mesmo, relacionamento no mundo moderno é sinônimo de redes sociais e está associado à tecnologia.

Se voltarmos às nossas origens e estudarmos a essência do animal que somos, fica fácil inferir que as conexões fazem parte da nossa história desde os nossos ancestrais. Nossa estrutura neurológica foi construída de tal forma que somos impelidos a aproximação e à formação de vínculos. Por isso deixamos de ser nômades e criamos as primeiras comunidades. A roda, o império romano, a imprensa, o renascimento, a queda da bastilha, a televisão, o PC, a internet, o mapa do genoma e tudo o mais que fizemos têm o mesmo objetivo: Nos aproximar dos nossos semelhantes.

Hoje, a mente humana, este instrumento incrível, deu pela primeira vez, a uma espécie biológica o poder de modificar conscientemente as estruturas de relacionamento através da tecnologia. Vivemos um momento único em nossa existência, que só se compara à própria revolução industrial. Mas, para onde estará a tecnologia nos levando? Estaremos no começo, no meio ou no fim da história? E se tudo isto que tem acontecido seja apenas um novo começo? E se estivermos vivendo agora a pré história de uma época tão distante da nossa quanto a roda é do DNA?

A aceleração da mudança nos causa ansiedade porque não estávamos preparados para ela. Para fugir dessa ansiedade, para não ter a sensação de ficar para trás, somos capazes de qualquer loucura: celular, celular que faz foto, celular com internet, MSN, Orkut, linkedin, facebook, twitter.. e por aí vai.

Porém, diante desta perplexidade, se você prestar atenção irá descobrir que por mais visceral que seja a mudança, algo permanece, não muda. Alguma coisa que sente emoção, medo, prazer e que tem necessidades fundamentais: Reconhecimento, crescimento, amor, afeto. Ao contrário do computador e das máquinas, o ser humano é altamente falível quando se trata de armazenar informações. Mas é incomparável para captar o sentido. E não é a toa que a palavra sentido vem de sentir.

Talvez as próprias tecnologias sejam uma tentativa de dar vazão a estas necessidades. É muito provável que não saibamos querer coisas diferentes, só saibamos criar formas diferentes de querer as mesmas coisas. E há uma coisa fundamental à sobrevivência humana em todos os tempos: O relacionamento. A evolução deve ter imprimido em nosso cérebro a alegria, a esperança, a confiança, a preocupação com o semelhante, a paixão e o orgulho da continuidade da aventura humana. E é inegável que essa continuidade depende da nossa capacidade singular e criar e manter vínculos duradouros uns com os outros. A própria internet não é nada mais do que uma tentativa de fazer contato, de estender o âmbito das nossas relações, de nos enredar em tempo real em contexto global.

Através de todas as tecnologias o ser humano continua como sempre, à procura de novas formas de convivência, de proximidade, de intimidade, de objetivos comuns, de comunidade. E, em nenhuma outra era, essa necessidade visceral de aproximação e relacionamento ficou tão latente quanto na era em que estamos vivendo. A nova moeda é sem sombra de dúvidas a capacidade em criar e manter conexões duradouras, de relacionar.

Somos a espécie que mudou o mundo, mas ao mesmo tempo somos frágeis, emocionais, com medo do escuro. Chegamos à lua, deciframos os segredos da genética, criamos a internet e ainda faremos muito mais.

No exato momento em que nascemos, somos tudo o que seremos ao longo da vida: Potencialidade e carência; força e fragilidade; alegrias e tristezas; vitórias e derrotas.

É fato: dependemos uns dos outros para que possamos concretizar nossa missão neste planeta, para realizar nossos sonhos, nos tornarmos plenos e alcançarmos a felicidade.

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